sábado, 8 de setembro de 2018

Grupo TAPA engata temporada de Anatol, obra inédita no Brasil do austríaco Arthur Schnitzler, no Teatro Paulo Eiró

Grupo Tapa segue com nova temporada de Anatol, do dramaturgo e médico austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931)de 7 a 30 de setembro, no Teatro Paulo Eiró.

Com direção de Eduardo Tolentino de Araujo e tradução feita especificamente para a encenação, a peça, publicada em 1882, é o primeiro texto teatral escrito pelo polêmico autor vienense, que flertava com as ideias do psicanalista Sigmund Freud sobre a sexualidade humana. Pouco conhecido no Brasil, Schnitzler também é autor de La Ronde (“A Ciranda”), que foi censurada em 1903 por causa de seu conteúdo erótico – semelhante ao de Anatol.

Dividida em seis curtos episódios, com diálogos carregados de humor ácido, a peça traça as aventuras e desventuras de um Don Juan moderno em sua busca incessante de prazer em relações desprovidas de afeto. Em cada história, Anatol e seu cúmplice Max (uma espécie de duplo do protagonista) têm amantes diferentes – burguesas, atrizes, prostitutas e costureiras –, sem fazer distinção de idade, classe social ou estado civil.

Em uma época de moral sexual bastante elástica e liberação feminina, essas mulheres não são mocinhas frágeis e inocentes da literatura do século 19, mas sim donas da própria vida sexual. Em sua diversidade, elas revelam a vulnerabilidade do homem moderno em sua falsa crença de domínio e supremacia.

Tendo como pano de fundo a efervescência artística e intelectual de Viena na virada do século 19, ambiente que forjou o conceito de modernidade e revolucionou a vida cultural europeia do século 20. Apaixonado pela psiquiatria, Schnitzler disseca com bisturi o comportamento masculino diante de suas parceiras, seus medos e suas perplexidades.

Arthur Schnitzler
O austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931) foi médico e dramaturgo e fez grande sucesso em seu tempo, sobretudo nos países de língua alemã. Sua obra dialoga com as ideias de Sigmund Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, que considerava o autor como seu alter ego. Em uma carta para Schnitzler, Freud escreve: “Creio que a sua natureza é a de um profundo investigador da alma, tão honestamente imparcial e intrépido como nenhum outro jamais foi”.

Sua peça mais popular é La Ronde (“A Ciranda”), cuja publicação, em 1903, gerou reações enfurecidas por seu conteúdo erótico e foi censurada e taxada como pornográfica. Uma adaptação cinematográfica da obra, com direção do alemão Max Olphus, foi responsável pela popularização do autor no ocidente. O filme, indicado ao Oscar de melhor roteiro em 1952, ganhou o prêmio da mesma categoria no Festival de Veneza em 1950.

Ainda mais recentemente, em 1999, o filme De Olhos Bem Fechados (“Eyes Wide Shut”), de Stanley Kubrick, com Tom Cruise e Nicole Kidman no elenco e com roteiro baseado em um conto de Schnitzler, estimulou a curiosidade por sua obra. Foi o último filme dirigido por Kubrick, que morreu antes mesmo do lançamento.

Independência feminina, antissemitismo, promiscuidade das relações são alguns dos temas abordados pela sua dramaturgia, que justificam o retorno de suas peças ao repertório dos teatros europeus. Outras obras de Schnitzler, já publicadas no Brasil, são Senhorita Else, Contos de Amor e Morte, Retorno de Casanova, Retorno de amor e morte, Breve romance de sonho, O Caminho para a liberdade, História de um sonho, Relações e solidão, A menina Eise. Cotovia, Cacatua Verde e Senhora Beate e seu filho.

Eduardo Tolentino de Araujo
Com 39 anos de carreira, Eduardo Tolentino de Araujo é fundador e diretor do Grupo TAPA. Ao longo de sua trajetória, acumula mais de 50 direções teatrais, entre clássicos e contemporâneos, nacionais e internacionais, tais como: Nelson Rodrigues, Maquiavel, Strindberg, Plínio Marcos, Alan Bennett, Lárs Norén, Shaw, Tchechkov e Pirandello. Suas produções mais recentes foram Doze Homens e Uma Sentença, de Reginald Rose; As Criadas, de Jean Genet; O Torniquete, de Luigi Pirandello; e A Cantora Careca, de Eugene Ionesco.

Grupo TAPA
Com mais de 80 prêmios da crítica teatral em 39 anos de existência, o TAPA é um dos grupos mais tradicionais e importantes da cena teatral paulistana. A companhia se notabiliza por seu repertório voltado aos autores clássicos. Sua trajetória inclui a maior parte dos grandes autores da dramaturgia universal, como Tchekhov, Shakespeare, Molière, Ibsen, Strindberg, Maquiavel e Piradello. Entre os autores brasileiros encenados pelo coletivo, destacam-se Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Millôr Fernandes, Jorge Andrade, Artur Azevedo e Oduvaldo Vianna Filho.

Além do cuidado com a escolha do autor e o trato com o texto, outro foco do grupo é o ator, razão pela qual dedica grande atenção à preparação e à formação técnica de seus integrantes. O TAPA realiza, ainda, grupos de estudos regulares para os atores e também atua como formador de público, para o qual realiza palestras, seminários, leituras dramáticas abertas, entre outros eventos.

Alguns dos trabalhos mais recentes da companhia são A Cantora Careca (2018), de Eugene Ionesco; O Torniquete (2017), de Luigi Pirandello; Gata em Telha do Zinco Quente (2016), de Tennessee Williams; Esplêndidos (2015) e A Criada (2015), de Jean Genet; Anti-Nelson Rodrigues (2013), de Nelson Rodrigues; Berro (2013), de Tennessee Williams; e Senhorita Júlia (2013), de August Strindberg.

Ficha técnica:
Título Original: Anatol. Texto: Arthur Schnitzler. Tradução: Eduardo Tolentino de Araujo e Fernando Navarro. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo.Elenco: Adriano Bedin, Antoniela Canto, Ariel Cannal, Athena Beal, Bruno Barchesi, Camila Czerkes, Cinthya Hussey, Isabella Lemos e Natalía Moço.Direção musical: Alexandre Martins. Iluminação: Nelson Ferreira. Fotografia: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli.Contrarregras: Luiz Antônio Motta e Natália Beukers. Técnico som/luz: Alan Foster. Designer gráfico: Mau Machado. Produção Cenário/Figurinos:Marcela Donato. Produção e administração: Ariel Cannal.

Serviço:
ANATOL no Teatro Paulo Eiró
De 7 a 30 de setembro – Sextas-feiras e sábados, às 21h; domingos, às 19h.
Duração: 120 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$20 e R$10 (meia entrada).

Teatro  Paulo Eiró  – Avenida Adolfo Pinheiro, 765 - Santo AmaroTelefone: (11) 5686-8440.
Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Não aceita cartões. Tem acessibilidade. Não possui estacionamento conveniado. Capacidade: 600 lugares.

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